A leveza da vida...

Admito, levo as coisas muito a sério. Não consigo ver muita inocência em algumas brincadeiras. Piada, para mim, é quando posso realmente rir sem me sentir desconfortável. Em épocas em que #mimimi é solução para tudo, eu tento enxergar as coisas com um olhar afinado. Falar que as reclamações  são #mimimi é fim de diálogo, pois não há argumento contra o #mimimi. Se é #mimimi, é menor - logo, não merece “ibope”... Acontece que não é só #mimimi e pessoas que , como eu, ficam mostrando a todo tempo que as coisas devem ser vistas de outra maneira são 'chatas'. “Leve a vida menos a sério”; “seja menos chata”; “não queira concertar o mundo”. De fato, se eu quisesse concertar todas as mazelas do mundo, não viveria! Porém, a  leveza que esconde a opressão é pesada, e muito.

Acredito na leveza da vida, a não ser que seja para mascarar injustiças; acredito no rir de si mesmo, a não ser que eu ria para despistar a falta de respeito que senti; acredito na franqueza e liberdade de palavras, a não ser que seja para, disfarçadamente, colocar alguém “em seu lugar”; acredito na alegria de ser superficial e menos profundo, a não ser que seja para desqualificar a denuncia e alguém…

Sinceramente, gostaria de ser menos chata, pois isso significaria um mundo melhor! Mas, ainda não! Não posso deixar de denunciar os pequenos machismos que sofro no dia a dia; não posso deixar de me incomodar com as piadas preconceituosas e desrespeitosas que escuto; não posso fechar os olhos para as injustiças diárias que vivencio…

A verdadeira leveza, para mim, é ser dura o suficiente para não deixar passar o que me machuca, combativa toda vez que o combate se fizer necessário e sensível para ver que há, no mundo, motivos para lutar.

A leveza da vida está no bom dia caloroso que recebo e distribuo, nos abraços e beijos trocados, no “te amo” do meu filho, na recepção calorosa da minha cachorrinha, nas risadas  - que são muitas.

Não espere, de mim, leveza para tratar dos abusos. Pois estes são muito pesados!