Esboço pregação - Vivendo os valores do Reino nesta Terra



Vivendo os valores do Reino nesta Terra
Texto base Romanos 14,17




Introdução


Estamos vivendo dias difíceis, dias de angústia e dor. Como nós cristãos vamos continuar vivendo, de fato, os princípios do Evangelho em época tão dura? Como amar o próximo, quando o próximo nos tem prejudicado? Como podemos, de fato, viver o 1º e o 2º mandamento de Cristo? 


Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. (Marcos 12, 30-31)
Gostaria de iniciar essa pequena reflexão com uma cena do meu dia a dia: se meus filhos choram de fome ao mesmo tempo, posso dar um biscoito para o mais velho comer, mas para a mais nova, preciso sentar, tirar minha blusa e amamentá-la; toma mais tempo, mais dedicação e mais trabalho. Isso não significa que eu ame mais a pequena do que o maior, significa que a pequena precisa mais de mim naquele momento e, assim, preciso ensinar ao mais velho que atendê-la não é deixá-lo de lado, mas uma questão de justiça - que entenderemos, aqui, tratar os iguais em suas igualdades e os desiguais em suas desigualdades. 

Recentemente, o Senador da República Cristovam Buarque declarou através das redes sociais: “Economia tem que ser eficiente, não justa”. Essa máxima, pode ser aplicada ao direito, às relações geopolíticas, aos empregos e à política como um todo, mão não aos valores do Reino. Partindo desse princípio, convido-os a refletirem a respeito desses valores divinos. 


Valores do Reino


Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo; (Rm 14,17)
Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. (Mateus 6,33)
Vocês foram ressuscitados com Cristo. Portanto, ponham o seu interesse nas coisas que são do céu, onde Cristo está sentado ao lado direito de Deus.  Pensem nas coisas lá do alto e não nas que são aqui da terra. (Colossenses 3,1-2)
Embora acreditemos que viveremos num lugar onde não há choro e nem ranger de dentes, tenhamos a esperança da salvação e nos sintamos estrangeiros nesta Terra, a palavra do senhor nos orienta a vivermos nesta Terra tendo em vista os valores do alto. Pois se a palavra de Deus nos orienta a buscar o Reino de Deus, essa orientação vale para nossa vida terrena, no céu não precisaremos buscar mais nada. 
Vivemos em uma época difícil, em que os homens estão se levantando uns contra os outros: violência, fome, injustiça. Somos atingidos verticalmente pelo mau governo de homens corruptos e horizontalmente pela violência que tem origem, justamente, na falta de justiça social. Se pararmos para refletir acerca do Decálogo (os dez mandamentos), ele trata de justiça entre os homens: não tirar o que é do outro. Os governantes têm retirado do povo: não há saúde, não há educação, não há lazer e tanta ausência de direitos gera violência - e muita. Contudo, mesmo diante das provações que as relações sociais violentas nos impõem, temos que buscar os valores do Reino.

Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma. (Tiago 1,2-3 )

O Apóstolo Tiago nos diz que as provações devem nos deixar íntegros e não reprodutores de ódio. Infelizmente, o homem foi corrompido, há todo tipo de maldade na terra. Porém, o que se espera de nós Cristãos é o princípio da piedade: glorificar a Deus e nos dedicar ao próximo - e dedicar-se ao próximo é lutar por justiça. Pensar nesses termos, pode ser ser um caminho para cumprirmos o chamado de Deus para nós, de vivermos os princípio de Deus nessa terra, de trazer para a nossa vida o Reino de Deus.


Deus escuta o clamor dos injustiçados: 



Aproximaram-se as filhas de Zelofeade, filho de Héfer, neto de Gileade, bisneto de Maquir, trineto de Manassés; pertencia aos clãs de Manassés, filho de José. Os nomes das suas filhas eram Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza.
Elas se prostraram à entrada da Tenda do Encontro diante de Moisés, do sacerdote Eleazar, dos líderes de toda a comunidade, e disseram:
"Nosso pai morreu no deserto. Ele não estava entre os seguidores de Corá, que se ajuntaram contra o Senhor, mas morreu por causa do seu próprio pecado e não deixou filhos.
Por que o nome de nosso pai deveria desaparecer de seu clã por não ter tido um filho? Dê-nos propriedade entre os parentes de nosso pai".
Moisés levou o caso perante o Senhor,
e o Senhor lhe disse:
"As filhas de Zelofeade têm razão. Você lhes dará propriedade como herança entre os parentes do pai delas, e lhes passará a herança do pai.
"Diga aos israelitas: Se um homem morrer e não deixar filho, transfiram a sua herança para a sua filha. (Números 27, 1-8)
As filhas de Zelofeade - Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza - eram as mais vulnerabilizadas nessa situação, elas ficariam sem ter como se manter e se alimentar e, ao clamarem por justiça, Deus as ouviu atentamente e julgou em causa delas. A grande questão é que a Justiça Social nem sempre está em favor dos doutores da Lei. Com essa decisão, quem herdaria a terra pela lei judaica, deve ter ficado muito irado e até mesmo esbravejando: “Elas não merecem isso”, “essa terra por direito é minha”, “se querem ter onde morar, que casem e não fiquem roubando o que é meu por direito”. Moisés atendeu à vontade de Deus e se colocou ao lado das mulheres vulnerabilizadas. Será que a Igreja tem feito isso nos dias de hoje? Se colocado ao lado do que não têm o que comer, saúde, emprego, escola e necessitam, sim, de medidas de Justiça Social, acima da Justiça Legalista?



O chamado à Justiça Social


O chamado à justiça social está no Decálogo, nas leis secundárias, nos Provérbios, nos profetas, no exemplo de Jesus, no segundo grande mandamento, na instituição do diaconato primitivo e na Epístola de Tiago.
E só conseguiremos atender a esse chamado, quando tratarmos as pessoas exatamente como Jesus as trataria. Deus não deseja que as pessoas sejam desamparadas apenas para cumprir-se a Lei - como vimos em Números 27. Se necessário for, mudemos as leis para que as pessoas não sejam prejudicadas. Para que políticos não se achem no direito de dizer o que o Senador Cristóvam Buarque disse.
E se vivemos em tempo de ódio, em época em que a sociedade clama por linchamentos, por pena de morte, temos o dever de ser pacificadores e não promotores de um estado contínuo de ódio e medo. Emanemos amor!


Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus (Mateus 5,9)
A justiça social não implica a necessidade de se ficar pobre para ser abençoado e ser salvo, mas implica em temos a oportunidade de suprir as necessidades dos irmãos que nada têm ou passam fome e frio. Ou a grande falácia que a justiça social permitirá que os “sem mérito” roubem o que é nosso. A Justiça Social preza por combater quem rouba do pobre. Justiça Social, na perspectiva do Reino, é entender que o pequeno prejudicado merece ser apoiado e cuidado pela Igreja. Tal qual a viúva que teria seus filhos escravizados, mas Eliseu intercedeu por ela e Deus multiplicou o azeite (2 reis 4:1-7). 


Conclusão


A justiça divina é mais do que a Lei do homem, ela nos enxerga na medida do Amor de Cristo e não na medida de nossos erros. Para nosso Deus, a justiça deve ser forte como a correnteza e transparente como a água. 
Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene! ( Amós 5,24 24)
A justiça deve correr e alcançar a toda terra, assim como os rios fluem. Ela deve ser perene e não de altos e baixos. Contudo, não podemos prezar pela Justiça, sem prezar pelo amor (o grande mandamento de Cristo). E, para os valores do Reino, o amor deixa de ser centrado em nós e passa ser centrado no próximo. Nesta perspectiva, Justiça Social é centrar a justiça nas necessidade do próximo, e por consequência, seremos atingidos pela Justiça, também. Deus nos abençoe!

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