A generalização do amor
Hoje é quinta-feira à noite, acabo de chegar do trabalho, estou cansada e faz um tempo que não escrevo, mas penso: “não posso deixar passar a Páscoa em branco, preciso escrever”. E cá estou eu, escrevendo sobre a data mais importante do calendário Cristão: Morte e Ressurreição de Cristo! O nascimento de Jesus e sua morte/ressurreição são as datas mais importantes do nosso calendário litúrgico, mas a Páscoa, para mim, é a mais profunda, é sobre a Graça, Perdão e Amor. Sobre imerecimento e a maior e mais legítima generalização dessa terra: a salvação é para todos!
Temos vivido momentos difíceis, de ódio, de intolerância, de impiedade. Podemos ser agredidos por usar uma cor; por preferência política; por opinião - independentemente de lado. Vivemos um grande “diálogo sem ouvintes”, fala-se muito e ouve-se pouco. Queremos ser ouvidos e entendidos, mas preferimos chamar de "retardados" aqueles que têm opiniões opostas. Optei por ter uma opinião à esquerda, que prefere se posicionar ao lado dos vulneráveis, que não quer julgar os "folgados”, mas que compreende que o nosso sistema econômico desfavorece a distribuição equânime de oportunidades, renda e conhecimento. Não acredito que as pessoas são folgadas ou pouco esforçadas, pois não há como ser dedicado com a barriga vazia; sem escolaridade; sem saneamento básico; sem boas escolas; boa saúde e sem opção de lazer nas periferias. Repare na periferia da sua cidade: quantos teatros? Centros esportivos? Áreas recreativas?
Pois bem, nessa Páscoa tenho aprendido a me recolher, embora ainda pense da mesma maneira. A graça e o amor imerecido são para todos, para os que pensam como eu e os que não pensam, também. É a generalização do amor! Temos a tendência de querer calar quem pensa diferente de nós; de diminuir a argumentação e falar que é MIMIMI; de lutar pelo que achamos justo, mas, às vezes, a nossa justiça é falha - e muito. Eu cometo generalizações equivocadas e você, provavelmente, também.
Lutar por uma justiça que vai manter a ordem de opressão sobre os vulneráveis, dos menores e necessitados não me agrada, mesmo! O incômodo que Jesus causou foi, principalmente, porque deu visibilidade aos mais pobres e humildes. Jesus andou com os excluídos e direcionou o Reino de Deus para eles! Para os que hoje seriam chamados de privilegiados pelos programas sociais, folgados por receberem auxílio do governo, de não conseguirem empregos e não se dedicarem aos estudos. Jesus sabia que a sociedade é cruel com essas pessoas, sim, as vezes a ordem social mantém pessoas em determinados lugares e não quer que elas saiam dali. Infelizmente.
As pessoas que Jesus curou, para quem pregou e amou, não tinham voz e nem vez nas sinagogas, não tinham acesso ao conhecimento da palavra divina, não poderiam congregar com os demais considerados “Homens de bem”. Jesus, ao contrário do que os príncipes da sinagoga fariam, ensinou nos montes, nos aglomerados, longe dos templos. Nas praças, ruas, morros e poços de água, não havia lado de fora, qualquer um poderia chegar e ouvir. Jesus fez uma generalização: todos têm que ouvir o que tenho a dizer, seja rico ou pobre, novo ou velho, homem ou mulher, etc.
O que pretendo com essa breve reflexão? Apenas apontar dois caminhos que a generalização pode levar: do amor e do julgamento. Posso generalizar o amor de Cristo, dos direitos humanos, a acessibilidade aos direitos mais básicos. Mas posso, também, generalizar os julgamentos: “Petralha”, “Coxinha”, “Folgado”, “Retardado”, etc. Nessas generalizações, as pessoas têm sido inflamadas pela maldade e falta de empatia.
Que nessa Páscoa acreditemos em uma única generalização: Todos pecaram e foram destituídos da Glória de Deus, mas Cristo veio para tenhamos vida e vida em abundância. Chega de intolerância! As pessoas continuarão a pensar de forma diferente, continuaram com suas preferências ideológicas e ademais opções! E é bom que assim seja, mas não precisamos desse ódio que diz: se não pensa como eu, está contra mim! Se não faz coro às minhas ideias, está contra meu bem estar.
Que Cristo ressuscite todos os dias em nosso coração, que a humildade do mestre esteja em nós e que saibamos a hora de falar e como falar. Com respeito, sempre!
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