Seríamos nós apáticos ao invés de mansos?
Jesus, nosso modelo de homem, era amável, manso, respeitável, companheiro, um grande lutador por justiça social, não julgava as pessoas e sim as amava… Há uma lista de predicados que podemos descobrir ao lermos as passagens sobre Jesus. Sim, realmente Jesus era e é tudo isso e eu, na minha insignificância, busco ser cada vez mais parecida com Ele.
Toda a minha vida de cristianismo aprendi que devemos ser mansos, nunca agressivos, pois não é isso que Deus quer de nós. Concordo. Maaaassss, depois de alguns anos na jornada cristã percebi que a mansidão de Jesus era diferente de apatia. Acredito que o que tem se esperado dos cristãos, e principalmente da mulher cristã, é apatia e não mansidão. Vejamos os significados:
Apatia: Condição do ser que não se comove; que demonstra indiferença; insensibilidade.
Mansidão: Característica ou condição do que é manso. Que possui o gênio brando; que é suave e pacífico; de temperamento fácil; meiguice. Falta de agitação; sem pressa; desprovido de inquietação; tranquilidade ou brandura.
Jesus era pacífico e não indiferente. Jesus era suave e não insensível. Talvez esse seja o meu Jesus.. O meu Jesus quando via alguém diferente dele não atacava, pelo contrário, dizia: “Hoje almoçarei contigo”. O meu Jesus estava onde os religiosos não estavam. O meu Jesus não era beligerante.
Você pode me perguntar: “Onde você quer chegar?”. Quero discutir o silenciamento da vítima e a beligerância dos religiosos. Quando é para abrirmos as nossas bocas para reclamarmos do machismo, das injustiças sociais, do homicídio das minorias, etc, o argumento é: “Sejam mansos, não se exaltem”. Mas quando é para endossar o machismo; a homofobia; a gordofobia; o racismo; os líderes religiosos lembram de quando Jesus foi “agressivo”, afinal os religiosos têm que mostrar que “eles estão errados”. Urge combater o pecado! Uma pena, há ataque no lugar do amor.
Existem, de fato, duas passagens nas quais Jesus é agressivo quais sejam: quando templo é profanado (Mateus 21,12) e quando não deixam as crianças chegarem até Ele (Lucas 18,16). Nas duas situações, Jesus se dirigia a pessoas que conheciam a fé Judaica, o mercadores estavam no templo vendendo porque sabiam que teriam fiéis que comprariam; e quem impediu que as crianças chegassem a Jesus senão os discípulos? Em ambas as cenas, Jesus se dirige a pessoas que exerciam algum papel de liderança: seja porque podiam deixar entrar vendedores no templo; seja porque podiam “barrar” o acesso até Ele.
Não quero distorcer os argumentos aqui, o que quero mostrar é que Jesus se indignaria com a postura de alguns religiosos. Jesus não aprovaria os opressores que foram denunciados através das hashtags #primeirassédio e #meuamigosecreto. Jesus não incitaria o ódio social contra as pessoas que não compartilhavam da fé d’Ele. O meu Jesus se indignaria com muitos cristãos. O meu Jesus não seria apático ao ver a tamanha hostilidade que muitos cristãos têm alimentado!
Para os cristãos beligerantes, deixo um texto que muito me afeta:
Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito,
diz o Senhor dos Exércitos. Zacarias 4:6
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