O que aprendi com meu filho em minhas últimas férias…




No início desse mês de janeiro, como em todos os anos, eu, meu filho e meu marido saímos em férias - num período em que deixamos nossas atividades acadêmicas, profissionais e eclesiásticas  para descansarmos. Como de costume, planejamos a viagem com alguns meses de antecedência, a escolha do destino foi uma questão: “Vamos para Bonito!”. A escolha não me alegrou, e por uns bons meses fiquei bem receosa em não gostar da viagem, de me entediar, de não “curtir”.
Os que gostam de turismo de aventura e de contato com a natureza sabem que Bonito é uma reserva ecológica com entrada altamente controlada e que o maior atrativo são os rios e cachoeiras; trilhas; grutas e atividades do gênero. Para mim, nada afeita ao contato com a natureza: sanguessugas, carrapatos, pernilongos e tédio… Por que foram para Bonito, então? Tive a sorte de casar-me com um grande aventureiro (do tipo de nadar em rio de água barrenta; fazer trilha sem pensar duas vezes e etc…). Então, cedi: era um desejo muito grande do meu marido conhecer tal cidade, fazer mergulhos e conhecer a reserva ecológica abrigada na região.
Mesmo com as objeções fomos para Bonito, eu estava bem preparada para ficar no hotel e, no máximo, tomar banho  em alguma cachoeira e conhecer algumas reservas ecológicas (dentro de um Jipe, de preferência). Mas não contava com o poder de meu filho de transformar a viagem numa das mais divertidas da minha vida - com direito a conhecer o Pantanal apenas para ver o “crocodilo”...
No final das contas, o Bernardo estava tão empolgado com os rios, peixes e cachoeiras que eu não quis perder um momento da viagem. Ao vê-lo se divertir, melhorar o nado e ficar maravilhado com cada novidade: “A cachoeira muito grande”; “o Rio muito fundo”; “o trenzinho muito legal”; “viajar de barco”; “o crocodilo muito feroz”; “a arara muito bonita”; “a ponte muito legal”; etc. Não tive tempo para o tédio, arrisquei a trilha do Rio do Peixe, pulei de trampolim e tirolesa… O Bernardo, com sua simplicidade e vivência intensa de cada momento, me proporcionou o melhor daquele tempo: viver!
De todas as lições aprendidas nesses dias, destaco algumas que verdadeiramente fizeram sentido na vivência dos últimos dias com meu filho:


  1. Basta a cada dia o seu mal (Mateus 6, 34)


Se vamos nadar de Rio pela manhã e brincar no escorregador à noite, porque nadamos de rio pensando no escorregador, ou vice versa? Aproveite o máximo do rio e, depois, entregue-se ao escorregador. Como toda criança de três anos o Bernardo está aprendendo a divisão do tempo. Nessa viagem ele acordava e dizia: “Oba, já parou a noite, vamos nadar!” - tivemos que explicar para ele que de dia íamos nadar e à noite brincar no parque e ele, como criança que é, aproveitou o máximo de cada momento.


  1. Maravilhosas são as vossas obras e minha alma bem o sabe. (Salmos 139,14).
Foi lindo ver como a cada oportunidade de conhecer um novo bicho ou de ver uma cachoeira maior, de ver um rio ou de brincar com o gatinho do dono do Hotel, meu filho admirava, achava lindo e se regozijava ao observar a criação. Através do olhar dele, pude a gradecer à Deus por sua criação tão bela e poder admirá-la sabendo que cada ave, cada animal, cada trajeto de rio ou elevação das rochas, foi Ele quem pensou.


  1. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1 Tessalonicenses 5,18)


Aprendi a agradecer pela oportunidade de estar naquele lugar, naquela hora e com minha família. Aprendi o sentido de: “Esse tempo é o melhor de Deus”, pois o ontem não posso voltar a viver e o amanhã não me foi revelado. Nos últimos dias da viagem eu agradeci muito a Deus por viver esse tempo, aprender a ser menos cética, acreditar que posso, sim, me surpreender com as pessoas, lugares e momentos. Aprendi que quando damos graças por cada situação vivida deixamos cair a nossa blindagem e viver, aprender e se regozijar. Quem diria que eu nadaria num Rio? E, para a falar a verdade, gostei muito!


  1. Estas palavras que hoje te ordeno têm de estar sobre o teu coração; e tens de inculcá-las a teu filho, e tens de falar delas sentado na tua casa e andando pela estrada, e ao deitar-te e ao levantar-te.  (Deuteronômio 6, 6-7)


Andei num trenzinho que cantava músicas infantis e dava uma volta, de aproximadamente 25 minutos, pelo centro da cidade de Bonito. Uma oportunidade única, cantávamos as músicas, batíamos palma, pés e gritávamos - conforme as ordens do animador. Foi o momento que mais me emocionei, entendi que aqui em São Paulo,  em meio à correria, jamais viveria essa experiência, de investir um tempo de qualidade no meu relacionamento com minha família. Com certeza, foram momento preciosos - que seriam muito prejudicados se eu não tivesse sido quebrantada através da vida do pequeno Bê. A palavra do Senhor nos orienta a andarmos com nossos filhos, dedicarmos tempo a eles - em todo momento estamos falando do amor de Deus para eles, principalmente no brincar.


Foram muitos momento preciosos, muitos mesmo! O que me tocou nessa experiência, foi poder viver aquele momento de outra forma. Numas das últimas devocionais que fiz, ainda em Mato Grosso do Sul, conversava com Deus e pensava: “Por isso que Jesus nos admoestou a sermos como crianças. A criança se entrega à oportunidade de viver: viver o amor; admirar a criação; a ser aberta para a vida”. O que peço à Deus, agora, é que eu me entregue e viva o amor d’Ele em intensidade, assim como o pequeno Bê se entregou a cada momento de nossa viagem. Afinal, o reino dos céus pertence aos que se tornarem semelhantes a uma criança. Deus nos abençoe!


“Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos Céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas” Mateus 19,14.


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Praça de Bonito/MS  - 8 de janeiro de 2016

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