Um Ano de Sim, Genuflexos!
Em 7 de novembro de 2016 o Sim, Genuflexos! fez um ano, não pude escrever um texto comemorativo, não fiz um balanço de tudo que pensei e escrevi e também que pensei e não escrevi. Eu estava no Hospital das Clínicas esperando Nina, que nasceu no dia 10 de novembro: linda, saudável e trouxe com ela a esperança de que as mulheres, que nascerão, serão mais livres e respeitadas que nós. Minha filha nasceu nos anos 10 do século 21, eu, nos anos 80 do século 20. São 30 anos entre nós e eu desejo que muito do que vivi na infância e juventude não se repita com ela: bullyng pela cor de pele e cabelo, restrições por ser menina e o assédio que começa, ainda, na infância. Que seu mundo seja colorido e não apenas cor-de-rosa, que ela sonhe em ser astronauta, engenheira, bombeira e não apenas brinque de bonecas. Que possa dividir com seu companheiro os afazeres domésticos, que possa andar tarde na rua, que possa usar a roupa que quiser e ser respeitada por isso!
E nisso, vou pensando nesse um ano de Blog... quando este foi concebido - a partir de uma conversa num bar da Vila Madalena - seu objetivo era mostrar para as pessoas que ser cristão é ter compaixão daqueles que estão vulnerabilizados. Mulheres, homossexuais, transsexuais, negros, pobres, infância, etc. Trata-se de uma diversidade de pessoas e grupos sociais que estão a mercê do preconceito e dos maus tratos que, muitas vezes, é fomentado pela Igreja. Sem contar as religiões de outras matrizes, não judaico-cristãs, que sofrem com ataques morais e físicos.
Quando Nina nasceu, passei a refletir sobre a minha incapacidade de mudar essa realidade, de impedir que ela fosse assediada na Universidade, no trabalho e na rua. Talvez, eu não consiga deixar de herança para ela um mundo mais justo e mais amável, mais feliz! Contudo, ao rever cada postagem do Blog e cada texto ali escrito com suor, lágrimas, com a própria pele, vi que, sim, podemos fazer deste mundo um mundo melhor e mais agradável. Estamos resistindo! Estamos nos mexendo e mostrando que não aceitaremos esse mundo opressor e sem respeito! E essa é a semente da mudança, mudo eu para que o mundo mude para a Nina. Mudo eu, para que eu mude a educação do meu filho, Bê. Mudamos nós para que entendamos que não temos que aceitar a opressão, porque somos mulheres.
Assim, nesse um ano, denunciei a falta de empatia, respeito e amor ao próximo através do anúncio do amor de Cristo. Foram 60 textos (sim, esse é o sexagésimo texto) que originaram-se na reflexão de uma cristã no exercício de sua fé, cidadania e humanidade. Assim, almejando refletir sobre as diferentes realidades sociais e como nós, cristãos, podemos, e devemos, respeitar as diferenças. Qual o papel do cristão nesse mundo, como lidamos com o próximo a partir do mandamento de Cristo: “ama o próximo como a ti mesmo”. Ou, ainda, como perceber que a Igreja tem tomado uma postura opressora e afastado as pessoas do amor de Deus. Sim, a igreja é parte do problema de uma sociedade de exclusão e opressão social, temos parte nisso e temos que agir!
Desejo que nos próximos anos, conforme Nina e Bernardo cresçam, possamos nos transformar para seguirmos transformando nossas realidades, transformar o nosso agir, o nosso falar, o nosso pensar e, principalmente, a nossa forma de amar! Desejo que tenhamos sucesso nessa caminhada de Anúncio do amor de Cristo! Obrigada, Deus, por esse ano. Por Nina, por cada texto escrito, por cada reflexão e pelas mudanças que essa experiência tem despontado em mim. Soli Deo Gloria!
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