A unidade, em Cristo, supera as Diferenças

A unidade  é pré-requisito para o sucesso das igrejas cristãs. Em qualquer lugar do mundo onde houver cristãos, ali se falará de unidade. A unidade, pressupõe amor, e o amor está presente em diversos tipos de relacionamento.Assim, todo relacionamento que se baseia no princípio cristão, estará baseado na unidade, amor e união.  Se nos referirmos ao relacionamento de Deus para com o homem, falaremos do amor Ágape - o amor divino, incondicional e com sacrifício. Quanto ao relacionamento entre irmãos e amigos, se trata do amor Philos - que envolve lealdade, igualdade e benefício mútuo. E por fim, ao falarmos de amor entre homem e mulher, nos referimos ao amor Eros - é um presente que Deus concedeu ao ser humano e pode ser vivido de forma sadia quando o homem e mulher integram e unificam corpo e alma, de acordo com a Bíblia.
Dessa maneira, vemos que o elo de união entre qualquer tipo de relacionamento é o amor. Isso  não é novidade, pois é um mandamento de Cristo: ame ao próximo como a si mesmo (Mt. 22, 37-39). E a partir dessa breve introdução sobre amor, convido-os a refletirem sobre união e unidade, embora pareçam sinônimos, podem nos ensinar sobre os desafios dos relacionamentos na Igreja.
A unidade é um princípio do trino Deus (Pai-Criador, Filho-Salvador e Espírito Santo-Consolador), os três são um e são indivisíveis, a unidade é a qualidade daquilo que não se divide e que é homogêneo, ou seja, igual. A união, porém, é a associação ou combinação de vários elementos, semelhantes ou diferentes, com o intuito de formar um conjunto. E para mim, essas duas palavras devem estar muito presentes nas nossas comunidades, mas devemos pensar nelas como processos distintos e necessários para uma igreja forte.
Para alcançarmos a unidade, a indivisibilidade e a identidade com o corpo de Cristo, devemos estar em união. Esses dois processos não são a mesma coisa e é importante que entendamos o que eles significam. Quando chegamos numa igreja, começamos a entender do amor de Cristo, do amor entre irmãos e da necessidade de andarmos juntos, estamos nos ajuntando com um povo. Num segundo momento, quando a identidade de Cristo é a nossa identidade, e temos o desejo de expandir o evangelho e alcançar um igreja militante e forte, aqui na Terra, estamos em unidade, ou seja, podemos estar muito bem em união com a Igreja, mas só estaremos em unidade quando a identidade de Cristo for a nossa identidade.
Por outro lado, a união não deve ser esquecida, ela não é menos importante, pois a união promove o ajuntamento de pessoas diferentes. Nós, muitas vezes, temos dificuldades em receber pessoas diferentes de nós na igreja: de diferentes regiões do país, de diferentes origens doutrinárias, de aparências diferentes, etc,
Pensemos: como ensinaremos a identidade de Cristo ao próximo, se não permitimos que ele se achegue a nós, através do ajuntamento? É mais fácil nos mantermos unidos com as pessoas que são muito parecidas conosco, quando não há divergência de pensamento, de modo de vida, de gosto, de hábitos e cultura. Contudo, somos chamados a proclamar o Evangelho para todas as culturas (Mc. 16,15).
Para pensarmos numa união que se tornou unidade, mesmo com diferenças, acredito que a história de Rute e Noemi seja excelente! Noemi era Judia, assim como seu marido Elimeleque e seus filhos Malom e Quiliom. Houve fome em Israel e eles se mudaram para Moabe. Tanto o marido de Noemi, quanto os filhos, morrem. Noemi, então, despede suas noras, pois ela não tinha como mantê-las, e resolve voltar para Israel, pois soubera que a fome havia cessado.
Orfa retorna para seus pais, mas Rute decide permanecer com Noemi: “Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela. Por isso disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após tua cunhada. Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;” (Rute 1, 14-16).
Sempre tratamos esse texto como exemplo de amizade (Amor Philos) e união, mas não paramos para pensar o processo que ambas passaram até chegar nesse nível de relacionamento e devoção a Deus, Rute e Noemi eram:


  1. Nora e sogra - às vezes existem algumas falácias que introduzem a intriga, essa é uma delas. Que nora e sogra não devem se dar bem!
  2. De povos diferentes
  3. Culturas muito diferentes
  4. Religiões diferentes
  5. Não tinham nada a oferecer uma à outra: ambas eram viúvas e, portanto, não tinham como se manter.


Elas, portanto,  nos ensinam sobre união na divergência e na dificuldade.

Elas se mantiveram unidas e, através do exemplo de Noemi, Rute alcançou a unidade em Deus: “ Seu Deus é o meu Deus”.
Com certeza em algum momento uma delas teve que ceder. Ao ler essa história sempre me pergunto: Como Noemi deu exemplo para a Rute a ponto dela abrir mão do seu povo e de sua religião? Através da imposição ou do amor? Como Noemi conseguiu conquistar a fidelidade de Rute? Essa é a característica do Evangelho: as pessoas se unem a nós e, a partir do nosso cuidado, amor e exemplo, adquirem a identidade e indivisibilidade em Cristo!
Devemos enxergar a igreja como uma ciranda em que as mãos estãos firmes para não deixar a roda desandar,mas as mãos não estão fixas, para que deixemos sempre alguém entrar. As mãos devem estar unidas pelo amor e pelo serviço e isso, não é compatível com a rigidez. A rigidez na igreja pode afastar novas pessoas desse sentimento de Unidade, pois a rigidez pode não saber lidar com as diferenças. Que Deus nos abençoe!

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