Para Gestantes, mamães e futuras mamães
Tenho lido diversos textos sobre a “romantização” da maternidade e,
também, ouço uma porção de gente criticando quem fala sobre as decepções da
maternidade: “Não sabia que daria trabalho?”, “Você deve dar conta de uma
criança, sim, você não quis ser mãe?”, etc. Por outro lado, vejo respostas
como: “O bebê exige muito de mim”, “eu não sou suficientemente boa mãe”, “todos
os bebês do mundo são ótimos, menos o meu”, “as mães de redes sociais são perfeitas”…
Pois bem, vamos lá. A maternidade tem um lado individual de construção e
descoberta. Nós, mães, e também os pais, vamos aprender e descobrir uma relação
com o nossos filhos (e, acredite, com cada filho é uma nova descoberta e uma
nova relação). Há uma cobrança por “dar conta”, sempre há quem fale que vamos
ficar 4 ou 6 meses em casa “de boa”, há quem ache que a licença maternidade é
privilégio e há quem (como eu) ache que investir na licença maternidade é
evitar muitos problemas na primeira infância, pois crianças bem cuidadas
- nos cuidados físicos e afetivos - necessitam menos de
intervenções médicas, psicológicas, dentre outras.
Nesse mundo chamado maternidade, existem 4 etapas que podem, ou não,
acontecer ao mesmo tempo. Tratam-se da 1.Expectativa da maternidade; 2.Dificuldades
da realidade; 3.Cobranças e 4.Medos. Quando um casal descobre as duas listras
no palitinho do exame da gravidez, surge uma porção de expectativas e medos,
somada a esses sentimentos, vem a cobrança de todas as pessoas que já passaram
pela maternidade – ou aquelas que assistem muita TV.
Meu conselho é: respire e olhe para si. Você tem bem aí todas as
respostas que precisa: se está muito cansada, sabe que precisa de ajuda; se
está muito estressada, sabe que precisa ficar só; se está muito animada,
precisa passear e assim por diante. Ninguém é igual a ninguém, as pessoas
dividirão suas experiências com você, escute-as respeitosamente, mas não se
sinta obrigada a ser igual a ninguém. Procure um profissional que te deixe
segura e a vontade e, sempre, peça a orientação do obstetra ou do pediatra.
A expectativa da maternidade gera uma ansiedade sem fim, adianto, seu
filho será muito mais lindo do que você imagina e ele virá acompanhado de
difíceis desafios – ainda não há manual para bebês. Pensamentos como: “não vou
dormir”, “não vou dar conta”, “não vou saber educar” atrapalharão seu sono e, sim,
você terá dúvidas, mas tudo bem, todos têm (todos, mesmo!). Aliada a essa
expectativa, vêm as cobranças: “não pode comer isso, porque faz mal ao bebê”,
“nunca mais sua vida será a mesma”, “você vai deixar seu filho no berçário?”,
“Nossa, você foi viajar grávida, desse jeito?”, “Na minha época...”, etc. Elas
virão, e não serão suaves, o que dificultará muito a etapa que chamo de
expectativa da maternidade, pois te deixarão mais ansiosa e mais insegura. Respire
de novo.
Essas cobranças fazem a maternidade parecer mais difícil e qualquer
deslize faz a mulher parecer a pior mãe do mundo. Pausa. Respire. Todas nós já
fomos, ou seremos algum dia, a pior mãe do mundo, porque a perfeição é
impossível. O bebê vai cair, vai assar, vai ter cólica (e te garanto, não foi
por causa do refrigerante que tomou). Não existe dúvida boba, não existe medo
desnecessário, existe uma mãe em construção. Então, procure informação e
inspiração. Sua mãe e suas avós serão sua inspiração para a maternidade, pode
ser, também, uma irmã ou uma tia próxima. Pergunte para elas o que as deixava
com medo, você verá o quão insegura aquela mãe maravilhosa foi.
Faça amigas que estão na mesma etapa que você, grávidas, lactantes e
mães de crianças maiores. Mães juntas ficam mais seguras, pois só uma grávida
sabe o que a outra passa, ou não, mas a empatia é um sentimento presente entre
nós, mães. Eu defendo que devemos nos ajudar, e não competir, pois você será a
pior mãe do mundo para alguém. Então, relaxe, abra um sorrisão para a mãe do
lado e riam dos medos, chorem com os problemas, troquem os bebês de colo,
acariciem a barriga da amiga. Ah, como isso é bom!
Quando a gestação passar e o bebê chegar, começa a etapa da dificuldade
da realidade. Se eu pudesse dar algumas dicas para você, seriam: Procure o
pediatra; se informe; envolva o pai em todas as atividades - você não tem que
dar conta de tudo sozinha; aceite ajuda, não tente ser uma supermãe, ninguém é;
dê limites, fale o que te incomoda para as pessoas, não sofra calada.
A maternidade é maravilhosa, mas também dificultosa. Não ache que tem
que passar por tudo sozinha, porque escolheu ser mãe. Escute as pessoas as
quais você confia e sabe que querem o seu bem. Medite nas passagens bíblicas de
mães maravilhosas, elas nos inspiram a sermos fortes e tementes a Deus. A
Bíblia nos foi dada para conhecermos a Deus (e seu amor) e também para nos
inspirar na nossa humanidade, pois nela lemos histórias de muitas mulheres e
mães maravilhosas que nos mostram força! Maria viajou a beira de dar luz,
Débora enfrentou um exército por causa dos filhos de Israel, Ana nos mostra
como devemos educar nossos filhos, Sara nos mostra que idade não é pressuposto
para ser uma boa mãe, Noemi nos mostra que a vida nos dá mais filhos do que os
filhos que parimos, e daí por diante…
Essa ansiedade gerada
no puerpério pode, também, desencadear algumas doenças, e isso não é demérito.
Precisamos falar disso, principalmente das doenças mentais que podem ocorrer no
pós-parto. É comum a mulher ter uma melancolia pós-parto, choro fácil, tristeza
ou irritação, mas (principalmente para os companheiros e parentes da puérpera)
é bom observar sintomas de depressão pós-parto que todo esse ambiente de medo
pode causar. (Veja quadro anexo com sintomas da depressão pós-parto).
Para evitar aborrecimentos desnecessários, seguem algumas sugestões para
aqueles que convivem com a recém-mãe.
Para amigos e parentes: não compare os bebês; não questione as decisões
dos pais; não dê um conselho que possa confundir as mães e não compare o
puerpério de mulheres diferentes. Seja compreensivo e dê atenção para as
queixas, não desvalorize medos e ansiedades de uma mãe, JAMAIS fale que o leite
da mãe é fraco, isso traz um sentimento de incompetência que você nem pode
imaginar (o pediatra verificará o desenvolvimento do bebê e indicará a
necessidade de complemento). Bebês choram e ninguém sabe o porquê, ainda mais
quando são pequenos. Se não estão sujos e estão alimentados, o método de
consolo será na tentativa e erro. Pode ter certeza que a mãe está mais
incomodada com o choro do que você. Assim, não pegue o bebê sem a mãe pedir e
NÃO fale que a mãe não sabe acalmar o bebê. Só dê palpite se solicitado. Seguindo
essas dicas, garanto que podemos contribuir mais com a nova mãe e evitar
ansiedade desnecessária.
Para os pais: você não é um ajudante! Você é pai, e como tal deve fazer
parte dos cuidados e da educação. Principalmente da educação cristã e
espiritual que muitos pais têm deixado apenas nas mãos das mães. Levar para
EBD, participar das atividades do Dpto. Infantil, etc. Esteja disposto para
trocar fraldas, dar banho e acalentar o bebê. Lembre-se que esse momento é um
momento que, como qualquer outro, deve ser vivido e, porque não, enfrentado em
família!
Por fim, não há receita pronta. A nova mãe terá que descobrir meios de
criar uma rotina de cuidados, de atividades e de resolução dos conflitos. Uma
coisa é certa, tudo o que você fez, foi feito com as ferramentas que tinha em
mãos naquele momento! Com certeza, foi feito o melhor! Respire, novamente, pois
de todos os maus momentos da maternidade, dúvidas, choros e desesperos que
passou, você sobreviveu a todos. Você fez o melhor, venceu todos os desafios da
maternidade impostos a você. Deus nos abençoe!
No final, tudo fica bem. Ou não. |
ATENÇÃO PARA A DEPRESSÃO PÓS-PARTO!
Sinais de depressão pós-parto (se percebido qualquer um desses sintomas, procure o obstetra ou um profissional da saúde)
1. Estado de ânimo depressivo a maior parte do dia
2. Notável diminuição de interesse ou da capacidade para encontrar prazer em todas ou quase todas as atividades, na maior parte do dia
3. Notável diminuição ou aumento do apetite, resultando em uma perda ou aumento de peso significativos e não intencionais. Insônia ou hipersonia.
4. Agitação ou lentidão psicomotora.
5. Fadiga ou falta de energia, na maior parte do dia.
6. Sentimentos de inutilidade ou de culpa inapropriados.
7. Diminuição da capacidade de pensar ou concentrar-se
8. Pensamentos recorrentes de morte ou de suicídio (com ou sem um plano).
Fonte: Manual Prático de aleitamento materno, dr. Carlos González. Editoratimo. 2015.
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