Por que ainda temos filhos?

Bê, no dia do nascimento
No dia 7 de outubro de 2012, nascia aquele que mudaria a minha vida, mudaria  minha relação com meus pais e com Deus. Aprendi muito sobre amor, obediência e salvação, depois que fui mãe. Aprendi, também, sobre medo; insegurança; não suportar o sofrimento de outra pessoa e de amar alguém mais que a mim mesma. Aprendi sobre dedicação; sobre responsabilidade; educação; alimentação adequada; a dizer não e a deixar alguém decidir a rotina do meu sábado. A dividir a cama com mais alguém, além do meu marido  - e ficar muito feliz com chutes noturnos! Aprendi sobre riso; sobre enxergar girafas em nuvens; a procurar jacarés no pantanal; dar ração para peixes em São Roque; alimentar búfalos e amar dinossauros. Aprendi, e reaprendi, todas as músicas infantis e os nomes de desenhos estranhos (como Bubble Guppies, Super Wings, Floogals, Miss Moon, etc).
Aprendi, também, a não ir ao cinema quando quero; a não fazer aquela viagem a dois para Monte Verde; a não comprar metade da Cosac Naif nas promoções de 50% off; a não sobrar dinheiro no final do mês; a usar o cartão de crédito para comprar antibiótico; a pagar uma fortuna de Convênio Médico. Abri uma previdência para ele; comprei todos os alimentos necessários - não me importando com o preço deles; coloquei R$ 100 de crédito no cartão da PlayLand; andei 3 vezes seguidas no carrossel (e isso não é legal, te garanto); gastei muito dinheiro com as festas de aniversário; contratei contador de história (uma fortuna por meia hora); usei roupa com vestígios escatológicos; não prestei atenção em filmes e cultos; reli 30 vezes o mesmo parágrafo; atrasei relatórios acadêmicos;  preparei palestras na véspera do evento e adivinhem só: estou a um mês de passar por tudo isso de novo!
Estava refletindo sobre os quatro anos do pequeno Bê (que em breve será grande) e pensei: por que eu e o Rodrigo decidimos ter outro filho? Num mundo de tragédias, de tanta incerteza e insegurança, com tudo tão caro e o salário tão curto. Para nós, mulheres, de abrir mão de tanta coisa e ser julgada por qualquer atitude materna. Em meio essa reflexão, conclui que Deus foi muito generoso ao me permitir ser mãe - quem já leu os outros textos do aniversário do Bê conhece, deixarei os links no final do texto para quem quiser conhecer o milagre -  e que essa experiência fez de mim uma pessoa melhor, mais feliz e mais humana. Ter o Bê me fez querer lutar por um mundo melhor e mais justo. O Bê me fez entender o amor de Deus para conosco e o quão sofrido deve ter sido abrir mão de Jesus Cristo por conta dos nossos pecados. O Bê me transformou, e muito.

Contudo, a pergunta ainda está no ar: por que ainda temos filhos? Estava navegando no facebook e me deparei com esse quadrinho:    

embora vivamos num mundo em que pareça difícil, em que os olhos e o coração nos façam sofrer, são eles que dão forças para as nossas pernas andarem e para a nossa boca falar. E pensei, é isso! Esperamos a Nina, porque queremos aprender mais de amor, propiciar para o Bê a experiência de construir uma relação fraternal, queremos dar menos importância para o ter e mais para o amar.  O texto é de gratidão pelos quatro anos do Bê, por todas as bênçãos que Deus nos proporcionou e, também, pela vida da Nina que está por vir.

Bê e Nina,
Bê hoje, aos 4 anos
Bê, pensamos em você quando decidimos ter a Nina, mas não apenas em você, filho. Pensamos em todos, pois acreditamos que podemos criar seres humanos melhores, com amor a Deus e ao próximo. O meu desejo, no seu quarto ano de vida, é que você e sua irmã sejam companheiros na vida e na luta.
Nina, em breve você, filha querida, será o nosso presente, que aumentará o nosso amor e bagunçará as nossas vidas, e a do Bê também!
Que vocês lutem por um mundo melhor e mais justo.
Façam mais que a mamãe e o papai!

Amor eterno,
Mamãe.

Ps: Quando vocês forem grandes e lerem isso, gostaria que vocês lessem, também, a oração de São Francisco de Assis, um exemplo para nós cristãos!

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
- São Francisco de Assis

Links para os outros textos de aniversário do Bê:

Texto 1 ano

Texto 2 anos


Texto 3 anos



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