Da arte de conviver



Em outubro de 2017, o pequeno Bê completou 5 anos. Já faz um mês e a correria do dia a dia não me deixou escrever o texto de suas bodas - mas antes tarde do que nunca. O Bernardo é um garoto muito inteligente, e não só para as habilidades que todos prezam, mas de uma inteligência emocional admirável. Ele pede o que deseja e não passa vontade. Por que estou escrevendo sobre isso? Há um ano ele passou a dividir os pais, os avós, os tios, os brinquedos e os espaços com a Nina, não foi e nem está sendo fácil, ela bagunçou o mundinho dele. Contudo, essa experiência, fez com que ele desenvolvesse uma habilidade que eu admiro no ser humano: se expressar.

Certo dia estávamos em um táxi, ele sentado ao meu lado e a Nina no meu colo. Eu dei um beijo na testa da Nina e ele disparou: “Mamãe, eu também quero um beijo”. Nesse dia, ele me deu uma enorme lição. Afinal, ele poderia chorar, falar que eu preferia a irmã em detrimento dele, ou espernear dizendo que eu não o amo. Simplesmente, ele disse: “eu quero um beijo”. Isso ficou no meu pensamento o dia inteiro, e pensei, pensei, pensei… Uma criança de 5 anos de idade me ensinou que todos podem conviver, ter desejos atendidos e ninguém sair prejudicado. Explico: para ele ter o beijo dele, a Nina não precisa deixar de ter o dela, e vice-versa. Ela recebeu o beijo primeiro, mas isso não faz com que o beijo dele fosse pior ou o menos importante. Ele não precisava ser o primeiro, ele precisava de um beijo de sua mãe. 

Vivemos num mundo tão difícil, de falta de diálogo, de entendimento e de amor. Quando, na verdade, apenas precisamos falar o que queremos e, em contrapartida, sermos ouvidos. Dei um beijo nele e seguimos a viagem, com os dois beijados e felizes! Quantos relacionamentos são prejudicados porque não se fala o que se quer, não se coloca limites, não se abre portas para o diálogo? Às vezes, um: “não quero que você faça mais isso” ou “você poderia fazer isso para mim?” é a solução dos problemas, mas nós, adultos, queremos complicar. Não ser o primeiro, não significa ser o preterido. E ser o primeiro sempre, só é possível se você tiver muitos privilégios em detrimento de quem convive com você.

Num mundo onde se busca privilégios, o Bernardo tem me ensinado sobre convivência, negociação e respeito. Ele negocia brinquedos com a irmã, ele delimita os espaços e ele chora. Muito. Ele não gosta de ter seu espaço invadido, ele não quer dividir os brinquedos favoritos, mas ele respeita demais a Ninoca e isso é absolutamente fantástico! Oro para que Deus continue dando essa compreensão para o pequeno, que ele cresça em estatura, graça e conhecimento. Que ele e a Irmã dividam, sempre, as coisas boas e ruins da vida. Se apoiem, se amem, se coloquem limites e sejam sempre transparentes. Como ele tem sido.



Obrigada, Deus, pela experiência maravilhosa de ser mãe desse menino tão doce, tão alegre e tão amoroso. Agradeço pelo dom da vida, pela graça imerecida e por nos sustentar nessa jornada de formar uma família. Felicidades ao pequeno, que seja um homem de bem, íntegro e feliz!

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