Mulheres, uni-vos!
Ontem foi dia do Amigo e pensei muito sobre o que ter um amigo significa. Nós mulheres, sempre tivemos alguns problemas com amizade: mulheres não são amigas e não há amizade entre homens e mulheres (sempre haverá interesses sexuais). Há uma construção sociocultural (e muito maligna) de que mulheres competem o tempo todo, que elas não conseguem ser amigas e que um amigo vale mais que uma amiga.
Por outro lado, se temos amigos, somos mal vistas e tratadas como oferecidas, haja vista toda extensão da maldade humana no que se refere à vida sexual do próximo. Nessa sinuca de bico, nós mulheres somos ensinadas desde pequeninas a não termos amigos, o que gera um isolamento feminino no espaço privado e o controle total das mulheres, em relação à organização e problematização de suas realidades. Você pode pensar que eu estou exagerando, mas não estou.
Para essa reflexão do dia do amigo, gostaria de trazer uma passagem bíblica sobre amizade entre mulheres e uma passagem bíblica que teimamos em achar que se trata de uma briga e disputa entre duas mulheres, mas, para mim, se trata de um grande ensinamento de Cristo.
A primeira passagem é o livro de Rute, uma história em que duas mulheres que são AMIGAS, conseguem vencer a viuvez e a falta de filhos unidas. Elas voltam para Israel, se unem para se sustentar, e proteger, e Deus as abençoa de uma maneira sobrenatural. SIM, Rute e Noemi eram amigas, uma nora e uma sogra AMIGAS. Mas o que a nossa cultura nos ensina? Que Sogras e Noras nunca podem se dar bem, por quê? Para não se unirem e fazerem valer a sua voz dentro de uma família? Para ficarem sempre buscando aprovação masculina e não apoiarem umas às outras em suas necessidades e maus momentos? Não entendo o porquê de não falarmos da AMIZADE entre Rute e Noemi, falamos da fidelidade de Rute, como um dom divino e necessário, mas nunca pregamos a amizade que esse texto nos ensina.
A outra passagem que gostaria de refletir é a de Marta e Maria (Lucas 10,38-42), toda a minha a vida aprendi que Marta se preocupava com o supérfluo e Maria com o que era espiritual e bom, colocando Marta contra Maria - sim, colocando duas irmãs em pé de guerra. Qual é a situação: Marta pede a Maria que a ajude com a Diaconia da casa e Maria está aos pés de Jesus sendo discipulada. Por causa do pedido de Marta, Jesus diz: “Marta, Marta (chamado duplo - isso te diz algo?) você está preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária. Maria escolheu a melhor a que não lhe será tirada.” E pá, o que interpretamos? Marta supérflua e Maria a sábia.
Porque não podemos ver esse texto como chamados diferentes, mas complementares? Que o chamado de cada um é a “parte que não nos será tirada”? Maria foi chamada para o discipulado e Marta para o diaconato. É nisso que acredito, a igreja e o cristianismo se faz de pregação da Palavra de Deus e serviço, ambos juntos e vinculados. Não devemos achar que Maria e Marta eram modelos opostos de cristãs, mas modelos complementares! Assim como TODAS nós!
Podemos ser amigas, podemos nos unir para fazer avançar o Reino de Deus e implementar a sua justiça na Terra. Por justiça social, por serviço ao próximo e por apregoar a palavra de Deus, JUNTAS:
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